quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Seguidor do profeta do Piauí gastou R$ 52 mil no cartão de crédito


 
A prisão do cearense Luiz Pereira, o “profeta”, salvou a vida de seus 120 seguidores, mas um deles está com graves problemas. O publicitário paulistano Carlos Pereira, de 38 anos, gastou R$ 52 mil em compras no cartão de crédito, acreditando que o mundo iria acabar e que a fatura não chegaria.
Carlos foi resgatado pela polícia, que descobriu que o “profeta” daria veneno de rato a todos os seguidores. Chocados, os discípulos ainda não acreditavam no que acontecia. Carlos, porém, era o que mais chorava.
O publicitário conta que foi envolvido pela fé no profeta e resolveu aproveitar os últimos dias na terra. Ele comprou TV de LCD, videogames de última geração, relógios e comeu em restaurantes caros. “Resolvi realizar meus sonhos de consumo”, disse ele. Carlos agora espera a fatura do cartão.
“Vou fazer o pagamento mínimo e negociar. Fui iludido”, disse ele. O mundo não acabou, mas o purgatório de Carlos chegará, graças aos juros cobrados pela administradora.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Happy Science invade o Brasil

 
 
 
Conhecido como “laboratório religioso”, o Japão dos antigos samurais e imperadores-deuses tem sido palco do surgimento de diversos grupos religiosos sincréticos, com raízes no Xintoísmo, Budismo e Cristianismo. Com o término da Segunda Guerra Mundial e a promulgação da Constituição Pacifista, em 1947, o Japão deixa de ter uma religião oficial – o Xintoísmo – ao proclamar a liberdade religiosa em todo o país. Antigas religiões até então oprimidas, como a Tenrikyo, Konkokyo, Oomotokyo e a Hitonomichi (atual Perfect Liberty), saíram das sombras do governo imperial para conquistar o arquipélago e outras regiões do mundo. Do encontro com a religiosidade ocidental também ganhariam destaque a Seicho-no-iê, de Masaharu Taniguchi (1930), e a Igreja Messiânica Mundial, de Mokiti Okada (1945).
A religiosidade japonesa também seria marcada, nas décadas seguintes, pelo surgimento de grupos fundamentalistas, como a Pana – Wave – grupo religioso fundado em 1977 por Yuko Chino, a partir de uma experiência com um grupo religioso conhecido como “A Verdadeira Lei de Chino”. Entre as décadas de 80 e 90 esteve envolvida em uma série de polêmicas no Japão, como previsões de que o país seria varrido por ondas eletromagnéticas e mudanças climáticas catastróficas. Em 1995, outro grupo religioso fundamentalista ganharia notoriedade internacional após promover um ataque terrorista ao metrô de Tóquio, quando pelo menos 6 mil pessoas foram expostas ao gás sarin, causando a morte de doze. Fundada em 1984 por Shoko Asahara – que afirma ser a reencarnação de Shiva, divindade hindu, Buda e Jesus – a Verdade Suprema passou a fazer parte de uma lista de grupos que colaboram com o terrorismo.
Na esteira de grupos religiosos fundamentalistas um novo movimento começa a se desenvolver a partir de 1986, por meio de Ryuho Okawa. Formado em Finanças Internacionais pelo Centro de Graduação da Universidade de Nova York, Okawa aponta o mês de março de 1981 como a data de seu “despertamento divino”. Segundo ele, revelações de grandes mestres budistas falecidos, como Nikko (1246-1333) e Nichiren (1222-1282), o descreviam como a reencarnação de El Cantare que, no passado, teria vivido na pele de La Mu, Thoth, Rient Arl Croud, Buda, Hermes e Ophealis. Okawa seria uma espécie de “núcleo da consciência de El Cantare”, cujo nome significa “o maravilhoso mundo de luz, terra”. Ele é, segundo acreditam seus discípulos, o deus de amor, a fonte de toda vida que envolve a humanidade e a Terra.
Autor de mais de 800 livros em 18 idiomas – e com mais de 100 milhões de cópias vendidas -, Okawa também ministra palestras em diversos países, tendo pelo menos 1400 palestras gravadas e disponíveis em DVD. Afirma ter como objetivo trazer felicidade à humanidade e em suas palestras ministra temas como prosperidade, o poder da mente, descubra o pensamento vencedor. Também é protagonista de polêmicas, como a ideia de que a Coreia do Norte pretende dominar o Japão e que o anjo Gabriel vai reaparecer em Bangkok, em 50 anos. Em 2009 fundou o Partido para a Realização da Felicidade, do qual é o atual presidente, por acreditar que os dois principais partidos do Japão não têm definido uma política clara em relação às ameaças da Coreia do Norte.
Dos três principais livros de Ryuho Okawa, dentre os quais um em que descreve o fim do mundo com o avanço do poderio militar norte-coreano e o aparecimento (ou renascimento) de Buda, foi adaptado ao cinema com títulos como o “Juízo Final” e o “Reaparecimento de Buda” – este último disponível integralmente no YouTube. Embora tenha se manifestado publicamente contra o atentado terrorista promovido pelo grupo de Shoko Asahara, em 1995, e tenham se enfrentado por diversas vezes em meios de comunicação do Japão, com frequência a imprensa local estabelece semelhanças entre os dois grupos. Na Uganda, há quatro meses, Okawa reuniu pelo menos 10 mil pessoas no estádio Nelson Mandela com transmissão ao vivo via 3 canais de televisão e teve a reprovação de evangélicos nacionais que protestaram contra o que chamaram de “abominação”.
Happy Science
Fundada em 1986 por Ryuho Okawa, a Happy Science (Ciência da Felicidade) logo alcançou países como Coreia do Sul, Austrália, China, Uganda, Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Inaugurado em maio de 2010, o templo da Shoshinkan do Brasil, situado na Rua Domingos de Moraes, 1154, na Vila Mariana, São Paulo, SP, passou a ser a base, de fato, de operação da Happy Science no Brasil que conta ainda com outras três sucursais na capital paulista, uma em Santos, Jundiaí, Sorocaba e fora do Estado, no Rio de Janeiro – a sucursal de Jundiaí teria sido a primeira aberta no Brasil. Com direção do monge Carlos de Melo, a Happy Science do Brasil promove diversos eventos por todo o país, como uma conferência para 500 pessoas no Hotel Parque Balneário, em Santos, em 2008, e, 2 anos depois, uma rodada de cinco palestras ministradas por Ryuho Okawa no Estado de São Paulo.
Não há estatísticas oficiais do número de seguidores, mas a Happy Science afirma ser uma “religião universal” que congrega e convida pessoas de diferentes denominações religiosas para participarem de suas palestras. “A Ciência da Felicidade é uma religião universal aberta para pessoas de todas as origens, sejam cristãs, budistas, hinduístas ou muçulmanas. Na qualidade de membros, todos estudam junto à doutrina universal da Verdade. Para o ingresso, há um formulário de inscrição e uma breve cerimônia de boas-vindas, na qual lhe perguntam, ‘Você acredita no Senhor El Cantare?’ Todos recebem o livro de orações, Darma do Correto Coração”. A IRH Press é a editora responsável pela publicação dos livros de Okawa no Brasil e da revista Happy Science. Hoje, 30, entre às 16 e 20h, na livraria Saraiva do Shopping Ibirapuera, promove uma palestra e o lançamento do livro As Leis da Imortalidade, de Okawa.
 
 
 
 

Por

é pesquisador, jornalista, escritor, palestrante e colaborador de diversos meios de comunicação. Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Jean Wyllys chama evangélicos de “fundamentalistas” e “analfabetos funcionais” e causa furor nas redes sociais





O deputado federal Jean Wyllys causou furor nas redes sociais ontem, ao comentar as críticas que recebe de pessoas contrárias à sua linha de atuação no Congresso Nacional, em defesa das propostas de ativistas gays.
Em uma publicação no Twitter, Wyllys reclamou das menções a ele em tweets enviados por evangélicos que discordam de sua postura, e classificou estes de fundamentalistas e analfabetos funcionais: “Confesso que o mais difícil, nos tweets dos fundamentalistas, é ter de ler a redação típica de um analfabeto funcional… É dose!”.





A publicação foi imediatamente respondida por diversos usuários, incluindo a psicóloga Marisa Lobo, que tem se colocado como uma das principais opositoras às iniciativas de Jean Wyllys: “Vergonha alheia: agora o deputado desequilibrado, boca suja, se fazendo de vítima, acusando todos nós de fundamentalistas religiosos, imbecis , e analfabetos funcionais”, protestou.
Marisa Lobo foi seguida por diversos usuários, que criticaram a postura do deputado e sua conduta: “Aquele bigbrotherzinho Jean Wyllys virou o pior da política brasileira! Fora cristofobia”, escreveu o usuário Alexander Dominguez.
Foram feitas menções à eleição do deputado Wyllys, que conseguiu o mandato pelo quociente eleitoral de seu partido. Nas eleições de 2010, o ex-big brother conseguiu apenas 13 mil votos, mas ainda assim, foi eleito, devido à grande quantidade de votos obtidas pelo seu partido, o Psol. “13 mil votos… Piada… Por causa dele foi reaberto o debate sobre o quociente eleitoral”, criticou Leandro Vaz.
A suposta homofobia de cristãos, que discordam dos princípios defendidos pelo movimento homossexual, foi comparada por um dos usuários com as perseguições religiosas pelo internauta Thiago Polêmico:”105.000 cristãos morrendo por ano, resultado de perseguição. Cristianofobia? Por que não fazem uma lei a favor dos cristãos?”




Em meio a tantos protestos, Wyllys publicou outro tweet, questionando se os protestos contra ele eram justos: “Eu mereço essa gente que dissemina ódio aos homossexuais e às religiões de matriz africana e que não quer oposição a essa estupidez?”.
 
Por Tiago Chagas, para o Gospel+

domingo, 9 de dezembro de 2012

[Testemunho] Após filhas orarem por 50 anos, mulher de 108 anos se converte ao Evangelho e falece dias depois.

 
Uma senhora de 108 anos de idade, resolve aceitar a Cristo após 50 anos de orações de sua filha mais velha, e falece aos 109 anos, depois de se batizar se tornar o símbolo do evangelismo praticado por quase toda uma vida.
Esse é o testemunho de Lula Wallace, que foi contado por suas filhas Virginia Mack e Margaret Cooke ao Christian Chronicle.
Virginia, 66 anos de idade, e Margaret Cooke, 78, revelaram que por décadas oraram pela conversão da mãe, e num dia comum, em que Margaret apenas conversava com sua mãe a respeito da Bíblia, perguntou se ela gostaria de aceitar a Cristo e a resposta foi positiva. “Nós não tentamos forçá-la sobre qualquer decisão”, declarou Cooke.
Ambas lembram das circunstâncias da conversão de sua mãe e de um comentário feito por ela, momentos antes de decidir entregar-se a Cristo: “As pessoas simplesmente não querem fazer o que Deus quer que eles façam”, disse Lula Wallace.
Trinta anos antes, quando Margaret já orava pela conversão de sua mãe, ela ajudou sua irmã, Virginia, em sua conversão, e as duas passaram a orar juntas pela conversão de sua mãe. “Sinto que Deus me manteve em torno deste objetivo neste tempo por uma razão”, diz Virginia.
Já Margaret acredita que os propósitos de Deus se tornaram mais claros após a conversão de sua mãe: “Acabamos tendo a certeza de que vivemos a vida com Cristo em primeiro lugar como forma de ela saber o que era a vida com Deus”.
Virginia e Margaret levaram sua mãe à igreja que frequentam, em Memphis, e contaram com a ajuda do pastor John Deberry , líder de outra igreja da cidade para fazer o batismo. “Escute, eu não estou fazendo isso por pessoa nenhuma. Eu estou fazendo isso por mim e Deus”, disse Lula Wallace, antes de descer às águas.
No último dia 29/11, aos 109 anos de idade, Lula Wallace faleceu, convertida ao Evangelho. Deixou uma enorme família, formada por 11 filhos, 22 netos, 45 bisnetos e 20 tataranetos. Amanhã, dia 07/12, a família realizará um culto à sua memória.
 
Por Tiago Chagas, para o Gospel+

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Crise europeia está aproximando as pessoas de Deus.

 
 
De acordo com um estudo realizado pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), o número de evangélicos em Portugal cresceu, nos últimos dez anos, de 0,3 para 2,8%.

Embora igrejas como a
Assembleia de Deus já não estejam tão cheias como acontecia nas décadas de 1980 e 1990, aparentemente a crise econômica pela qual passa a Europa esteja aproximando as pessoas da religião.

Teólogos, pastores e pesquisadores do assunto concordam que momentos como o atual podem motivar as pessoas a ser mais religiosas. Mas ressaltam que este é um fenômeno complexo, que não pode ser explicado apenas pela corrente crise europeia.

O pastor Vieito Antunes, da
Assembleia de Deus de Lisboa, ressalta que “Em situações de crise, em todas as áreas da vida, é normal as pessoas buscarem mais Deus, é um fato. Há uma tendência para, quando as pessoas têm tudo garantido, esquecerem-se do religioso, como se tudo dependesse de nós e fôssemos autossuficientes. Mas não é um fenômeno em larga escala. A secularização das sociedades continua a ser muito importante em toda a Europa”.

O casal Strango, Mircea (romeno) e Susana (portuguesa), explica porque a religião tem um papel importante em suas vidas: “Já passamos por fases difíceis, mas sempre nos safamos e não precisamos recorrer à ajuda material da nossa igreja. Mas a religião foi muito importante para mim nos momentos mais difíceis da minha vida, sobretudo do ponto de vista espiritual, na força que me deu para continuar a lutar, para procurar trabalho e ter dinheiro para alimentar os meus filhos”, resume Mircea. “A igreja será sempre importante para quem precise de um ponto de apoio, quando tudo o resto falha”, acrescenta.

Alfredo Teixeira, antropólogo do Centro de Estudos de Religiões e Culturas (CERC) da UCP, liderou um estudo sobre as identidades religiosas em Portugal, realizado pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião e pelo CERC. Os dados foram recolhidos entre outubro e novembro do ano passado.

Numa comparação dos dados desta pesquisa com uma semelhante, realizada há dez anos, chama atenção a diminuição do número dos que se dizem católicos (86,9 para 79,5%) e o crescimento dos que dizem ser de outra religião (de 2,7 para 5,7%).

Teixeira admite que o crescimento dessas igrejas evangélicas, em especial as pentecostais, pode estar associado à “teologia da prosperidade”. Esse tipo de ensino é mais comum na IURD e na Igreja Maná, onde “ser salvo e ser próspero equivalem-se”. “A salvação é ‘já’ e não algo que se espera para além de uma existência terrena. Neste contexto, as propostas de cristianização dirigem-se, de forma muito direta, aos riscos do quotidiano, e à possibilidade de os ultrapassar. Essa orientação pode, entre outras razões, ajudar a perceber esta última onda de crescimento dessas igrejas”, explica o antropólogo.

O pastor Antunes, que rejeita a teologia da prosperidade, ressalta: “A
Bíblia não tem em lado nenhum a promessa de enriquecer pessoas. O que o Senhor promete é suprir as necessidades do seu povo”.

A socióloga da religião, Helena Vilaça, não nega que haja uma ligação entre a crise e a busca da religião. Contudo, para ela esta relação “não é universal nem as coisas são assim tão simples”. Ressalta que a tese de que as pessoas, em situação de carência, procuram respostas na religião só explica parcialmente a realidade: “Isso seria reduzir a religião a alienação, no sentido marxista do termo. E a realidade revela que a religião também conduz a comportamentos emancipatórios. Há países com crescimento econômico e com vitalidade religiosa, como o caso dos EUA, por exemplo. Também o Brasil ou a Coreia do Sul, quando entraram em fase de crescimento, não perderam a vitalidade religiosa”, lembra.

Por sua vez, José Pereira Coutinho, autor de uma tese de doutorado sobre o assunto, considera que em tempos de crise, seja “natural” que as pessoas com menos rendimentos reforcem a sua religiosidade, sobretudo nas igrejas que defendam a teologia da prosperidade: “A [Igreja] Católica dá a salvação para o além, não dá resultados agora”, ressalta.

José Luís Costa, padre em Linda-a-Velha e capelão prisional no hospital de S. João de Deus e no Estabelecimento Prisional de Caxias, reconheça que no contexto atual de crise, “há uma procura maior de aspectos religiosos”, essa busca é feita “de uma forma mais desorganizada e menos institucionalizada”: “Procuram o elemento, mas não a prática, não o ir à missa todas as semanas”, explica.

O pastor presbiteriano Dimas de Almeida, pesquisador do Centro de Estudos de Ciências das Religiões da Universidade Lusófona, afirma que não tem notado nem aproximação nem afastamento: “Penso que, quando uma crise leva as pessoas a aproximarem-se da religião, pode ser um sinal de fraqueza do religioso… Diante de uma crise profunda, perguntamos ‘o que é que isto significa? Qual o meu papel? Para onde vou?’ Somos peregrinos do sentido. Nós todos somos vagabundos do sentido. Há religião porque há problemas do sentido. Quando a crise nos ameaça é o sentido da vida que fica também ameaçado”. As informações são do jornal Público.

Fonte: Gospel Prime

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Frase Deus seja louvado permanecerá no real

 
 
Após a polêmica envolvendo o pedido da retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas do real, a 7ª Vara da Justiça negou o pedido feito pelo Ministério Público (MP) de São Paulo.

Além de o Banco Central alegar que a reforma no design custaria R$ 12 milhões aos cofres públicos, também acredita que poderia gerar “intranquilidade” na sociedade.

Na decisão, a 7ª Vara de
São Paulo afirma entender que a menção a Deus nas “cédulas monetárias não parece ser um direcionamento estatal na vida do indivíduo que o obrigue a adotar ou não determinada crença”.

A decisão é provisória e negou o pedido para que as novas cédulas do real já fossem impressas sem a expressão religiosa. O MP ainda pode recorrer ao Tribunal Regional Federal (TRF) de
São Paulo.

A expressão “Deus” é usada na moeda nacional há 26 anos. Foi incluída após voto do Conselho Monetário Nacional, em 26 de junho de 1986, época do Plano Cruzado. Foi mantida mesmo após as mudanças da moeda para cruzado novo, em janeiro de 1989, cruzeiro, em março de 1990, e cruzeiro real, em agosto de 1993.

A Justiça considera que a alegação do MP que as cédulas seriam uma “afronta à liberdade religiosa” não pode ser comprovada, nem a verificação que o uso da expressão “Deus” causasse qualquer incômodo. Ao ser questionado, o Banco Central entende que a expressão não fere o Estado laico, tampouco pode ser comparada com outras, como “Alá seja louvado”, “Buda seja louvado”, “Salve Oxossi”, “Salve Lord Ganesha” ou “Deus não existe”.

Para o BC, a opção de usar esses termos provocaria “agitação na sociedade brasileira”. “É possível perceber, de forma suficientemente clara, que a expressão que se pretende extirpar das cédulas de real, em boa verdade, emprega a palavra Deus em sentido amplíssimo”, explica Isaac Sidney Menezes Ferreira, procurador-geral do BC.

“A ideia da sentença é justamente louvar entidade espiritual superior, nominada, pelas mais diversas religiões, de ‘Deus’, e não afirmar a existência ou negar a existência dessa entidade”, finaliza.
 
As informações são do Valor Econômico.

Revista comenta o crescimento dos evangélicos e critica o evangelismo.



Revista de História da Biblioteca Nacional (RHBN) do mês de dezembro traz uma edição especial de artigos que contam a história da fé evangélica no Brasil.

Os temas abordados nas reportagens falam tanto das primeiras igrejas até os ministérios mais atuais, falando também da atuação política que estes religiosos passaram a ter nas últimas décadas.

“Sem revoluções, imposição ou violência, elas agem pela conversão e crescem sempre de baixo para cima, raramente seduzem as elites nos primeiros encontros, misturam com alguma facilidade a sua fé aos aspectos mais tradicionais das igrejas predominantes, e transformam a religião em uma identidade conquistada e vencedora”, diz trecho do texto.

O artigo postado no site da RHBN fala também sobre a evangelização de missionários brasileiros que levam a mensagem para países da América Latina e da África, citando que a língua facilita este contato, além de traçar dados históricos, a revista também faz críticas e comparam as igrejas atuais com empresas multinacionais.

Ao criticar o evangelismo, o texto diz que a atitude é impulsionada pela “batalha espiritual” que demoniza a pobreza, a violência, a exclusão, o desemprego a solidão e etc. E sobre a chamada Janela 10-40, localização geográfica onde está os países menos evangelizados do mundo, o artigo diz que os “horrores contemporâneos” combatido pelos evangélicos são o islamismo e a as religiões orientais.

Leia o artigo completo:

Colonizado e cristão, miscigenado e avesso a Revoluções, o Brasil evangélico adapta a crença em seus mitos fundadores e difunde um protestantismo que pretende conquistar o mundo.

Ao final dos anos de 1950, Nelson Rodrigues tornou conhecida a expressão “complexo de vira-latas” para falar da suposta inferioridade a que o brasileiro se colocava diante do mundo. Tratava-se, naquela ocasião, de uma crônica sobre futebol, mas funcionaria durante muito tempo como um deboche do atraso brasileiro, o país do eterno futuro, cheio de potencialidades naturais e de “cordialidade”, mas incapaz de resolver seus problemas mais antigos como o analfabetismo e a fome.

Coincidência ou não, entre os anos 50 e 70, a população evangélica daria uma salto de quase 70% em relação ao período anterior, acompanhada pela modernização conservadora durante a ditadura militar, e pela explosão mundial de movimentos sociais em defesa da liberdade de expressão, dos direitos das minorias e da negação da guerra. Um por um, os temas da agenda social brasileira e mundial foram gradualmente incorporados à pregação protestante tradicional: o pastor abre as portas da Igreja como as de sua própria casa, possui a autoridade de um pai ao acolher o cidadão mais desamparado pelo Estado e pela sociedade; oferece-lhe uma família para pertencer, eventualmente emprego e orgulho próprio, e um objetivo de vida, uma missão: mostrar ao mundo o caminho da salvação.

Podia ter dado certo ou não, como ocorre igualmente nos processos históricos e na vida, mas em fins da década de 1980, a redemocratização no Brasil e a vitória do capitalismo no mundo, contribuíram com importantes ferramentas: a legítima liberdade de crença religiosa, o livre acesso aos meios de comunicação e a consolidação do modelo liberal de sociedade de massa: cada um por si e pelos seus.

Contudo, o Espírito Santo, ou para os mais céticos, o senso de realidade e de oportunidade de alguns pastores e igrejas escapou à observação restrita às fronteiras e à conjuntura, e enxergou o impacto da fragmentação global. Conflitos étnicos, desemprego generalizado e a desarticulação da família tradicional não desfrutam mais da opção dos projetos revolucionários, o Estado tornou-se autoridade menos capaz com o aprofundamento da globalização, e a política é hoje um terreno cada vez mais desacreditado pelos jovens. Nascidas no dia a dia da batalha que cada fiel pentecostal trava com a realidade brasileira, explicada pela demonização de seus mais diversos reversos, as igrejas evangélicas oferecem à América Latina, Ásia e África uma nova utopia. Sem revoluções, imposição ou violência, elas agem pela conversão e crescem sempre de baixo para cima, raramente seduzem as elites nos primeiros encontros, misturam com alguma facilidade a sua fé aos aspectos mais tradicionais das igrejas predominantes, e transformam a religião em uma identidade conquistada e vencedora, pois que escolhida para levar a palavra de Deus aos incrédulos.

Na África e na América Latina, as proximidades da língua parecem ajudar no crescimento das igrejas brasileiras, sempre associadas a outros elementos, específicos em cada país. Pesquisadores apontam que nessas regiões os cultos são realizados em proporção de 40% na língua local, e 60% em português, atraindo também os grupos de imigrantes brasileiros.

Na Argentina, é possível que as sucessivas crises econômicas, somadas ao desgaste no orgulho das classes médias, contribuam para uma aceitação das igrejas bem maior do que no Chile, onde o catolicismo ainda é profundamente identificado com uma distinção de classe. Bolívia, Peru e México apresentam um índice de crescimento pentecostal marcadamente entre as populações indígenas, para as quais há um trabalho direcionado por parte de algumas igrejas, e minuciosamente acompanhado pela SEPAL (Servindo aos pastores e líderes), missão internacional que avalia e difunde o crescimento evangélico no Brasil há mais de 30 anos. No site da instituição/Rede é possível ter acesso às chamadas “missões transculturais”, cujos objetivos variam de acordo com as regiões de destino e a formação dos missionários. Estes, são atualmente cerca de 600 e incluem teólogos, professores, antropólogos, administradores, entre muitos outros espalhados por quase 70 países do globo.

A motivação mais comum a levar essas pessoas para lugares tão distantes de suas raízes é a “batalha espiritual”: cada povo não cristão seria vitima de um tipo de demônio como a pobreza, a violência, a exclusão, o neocolonialismo, o desemprego, a solidão, etc. Mas entre os horrores contemporâneos, existe ainda uma hierarquia que alça ao seu topo o islamismo e as religiões orientais. Daí a existência da chamada “Janela 10-40”; segundo a qual a maior concentração de pessoas do globo terrestre que ainda não “encontrou Jesus” localiza-se no retângulo que se estende da África ocidental através da Ásia, entre os graus 10 e 40 a norte do equador, incluindo o bloco muçulmano e o bloco budista, ou seja, bilhões de pessoas à espera da conversão.

Ao que é possível obter de informações nos sites das igrejas como a Universal do Reino de Deus, e em pesquisas acadêmicas variadas, as missões são estudadas com bastante antecedência por uma comissão que visita o país ou região de destino e elabora uma espécie de dossiê avaliando as probabilidades de sucesso, a legislação local, os trâmites relacionados à existência jurídica da Igreja e, sobretudo, a cultura local. Contexto nacional, linguagem apropriada, classes e modos de vida específicos, localização ideal dos templos com vias de acesso e sem concorrências, compra ou preferencialmente o aluguel de um imóvel com as proporções adequadas, arrecadamento estimado dos dízimos… A fé evangélica é também uma empresa de porte multinacional, embora esteja longe de se reduzir a isso.

Movidas especialmente pela adesão global de populações pobres, com baixos graus de instrução, não-brancas, jovens, e mulheres, tudo indica que essas igrejas buscam e produzem fieis cada vez mais diferentes entre si, marcados por histórias nacionais e individuais muito particulares, parecidos com a sociedade em que vivem mas, ao mesmo tempo, sensíveis a um discurso que universaliza sentimentos velhos conhecidos do povo brasileiro.

Desde a síndrome de vira latas criada por Nelson Rodrigues, até a opressão sentida pelas tribos indígenas latino-americanas, agora fortalecidas pelo poder eleitoral dos evangélicos, a exclusão social, no caso dos imigrantes nos Estados Unidos, e a diversidade, marca de nossa identidade histórica e cultural, agora oferecida aos russos, aos chineses, e aos países muçulmanos mais radicais… Não sem algum custo, é claro.

Para conhecer o discurso, o impacto cultural e religioso, e as estratégias utilizadas pelas igrejas evangélicas no Brasil e no mundo, leia o dossiê “Evangélicos, a fé que seduz o
Brasil”, capa da Revista de História do mês de dezembro.